O rio corre para o oceano Em suave correria, como quem escorre por entre
letras, vagamente tranquilo, exaltando-se nos estreitos intrincados do
silêncio. Quando chega, mistura-se com as águas salgadas, diluindo a sua
acalmia, nas ondas revoltadas desse mar de sentidos. Escuta o marulhar,
nele hás-de encontrar o meu murmúrio, a voz das letras que um dia foram
riacho e hoje se confundem com o fulgor da tempestade. Segue-me ao longo
da costa, como barco à vela que teme o oceano profundo. Contorna-me na
orla deste gigante rio que somos.